Solidão assistida!

27-03-2016 21:03

    A solidão acompanhada do dia festivo fez tragar uma dose a mais. Não muito. O suficiente para sofrer a sós, não por aqueles que ali tinha ao lado, mas por quem ali não podia ter, fosse por que razão fosse. Um sol amarelado espreitava por entre nuvens airosamente salpicadas no céu azul. No ar um leve cheiro a primavera. E ainda assim o seu coração gotejava perante a felicidade, abstração ideológica invariavelmente entendida como algo tangível.

    Na TV havia gente que cantava e saltava, películas onde personagens encarnavam o papel que alguém lhes havia encomendado. Ali respirava-se doce, amor parental, saudade filial. E a mente vagueava para longe, ou não tão longe, mas assim parecia, em distância, ao mesmo tempo que os pensamentos ali estavam perto, dentro de si. Há momentos em que a longura está no peito, não no mapa.

    A tarde seguiu plácida e languidamente a recordar o que não se fez, o muito que se avançou o que prementemente urge fazer. Dia dúbio, ali queria estar, noutro lado sonhava ficar. Domingo, apesar de tudo, mais feliz hoje mas, ainda assim, hoje e sempre lacónico. 

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