Pensar ao frio...

28-02-2016 15:01

    Por estes dias ela tem ouvido conversas, lido textos e intuído pensamentos, vários, relativos a relações amorosas, amores e cumplicidades, conformismos e inconformismos e et caetera. Quiçá pelo facto de conhecer muitas pessoas que por estes dias comemoram aniversários, ou por ser ainda início de ano, ou porque os dias estão frios, agrestes e solitários, parece que há alturas em que os nossos corações, ou cérebros, sonham mais, pensam mais, receiam mais, se aventuram mais…

    Chega talvez uma idade em que tudo se questiona mais… os empregos são, dentro do possível num país sem rei nem roque, “estáveis” ou já de longo prazo, existem casas “compradas” (com pagamentos até 80 anos…), carros adquiridos em parceria, eletrodomésticos com 14/15 anos que gritam por substituição, viagens sonhadas, sonhos com outrem para realizar. E de repente, ou não tão repentinamente, a idade bate.

    A mortalidade começa a ser mais real, a finitude assombra alguns momentos do dia e as pessoas questionam coisas, casamentos que se mantêm, casamentos que se terminaram, relações que se alinhavam por medo da solidão, relações que se querem com toda a alma por se ter encontrado “aquela” pessoa, mas que encontram obstáculos, reais ou imaginários! Seja lá por que razão for, razões de cada um, pessoais e intransmissíveis, uns lamentam estar sós, pensam na saúde, em quem tomará conta de si, em quem estará lá nos momentos débeis que não se querem mas que virão, em tudo o que a mente cogita em alturas destas. E há quem acredite que manter cumplicidades, relegando o amor, a chama, entre outros, para segundo plano, é o mais importante. Outros há que consideram que ser fiel ao que se sente, aos amores sonhados para sempre, é o mais importante e justifica tomadas de atitudes, mudanças, adequações…

    Para ela, até agora, a idade e solidão e as noites hipotéticas e ver os canais de vendas na televisão, de manta nos joelhos e sem aconchego ao dormir, não a assustam ou preocupam. A vida será aquilo que for. Mas acredita no amor. Sim, nesse que arrebata e faz felizes os dois elementos da relação, onde não há conformismos pela casa que se construiu ou pelas despesas que são desenhadas para dois ordenados, ou pelo receio da reação dos filhos. Se calhar até é isso tudo que mata o amor. Ou pode ser isso que o mantem. Claro que há responsabilidades, "contratos” implícitos! Que sabe ela? Cada um saberá de si, e todos os “arranjos” são possíveis dentro de um entendimento comum…

    O que ela acha, sonha talvez, é que não devemos comprometer o nosso “eu”, aquilo que sabemos ser bom, certo, para nós. Não pela opinião, julgamentos dos outros. Sejamos felizes, ou, pelo menos, lutemos e façamos por isso! Aos 20, 30, 40… ou mais, a dois, a sós, à procura de algo, tendo já algo! Idealismo? Talvez! E vivemos sem ele? Ela pensa que não…

Contactos