Ela, professora!

16-08-2014 21:50

    A propósito do ator Robin Williams, e do seu papel magnificente no filme Clube dos Poetas Mortos, ela deu por si a rememorar o primeiro dia em que “enfrentou” os alunos.

    Aos seis anos disse à mãe que queria ser professora e mais tarde definiu que seria de línguas. Lá fez por isso com mais ou menos afinco, bastante trabalho e sofrimento mas também alguma estroinice, à boa maneira da academia conimbricense onde se formou.

    Em setembro de 1995, com 22 frescos aninhos, entrou ao serviço na escola onde leciona até hoje. Tinha um horário pejado, lecionava Português, Inglês e foi-lhe atribuída uma direção de turma.

    No dia em que deu início àquilo de que realmente gosta, dar aulas, ela vestiu um fato de saia e casaco de xadrez, em tons de castanho, numa tentativa de “parecer” professora, mais velha, não no seu primeiro ano de serviço. Cedo percebeu que não “parecemos” nada… ou somos, ou não!

    Ao aproximar-se da sala onde se apresentaria aos alunos e encarregados de educação, o frenesi magicamente desapareceu. Entrou na sala, esperou que todas aquelas pessoas entrassem também e falou, falou. Transmitiu tudo aquilo que lhe havia sido pedido, sem grande noção imediata do sucesso ou não da sua comunicação. No final do dia, já em casa, o nervosismo voltou, assaltou-a, sentiu o pesadume da responsabilidade… “Será que vou saber fazer isto?”

    Hoje, a dias de entrar no vigésimo ano de serviço, continua a interrogar-se. Há alturas em que o brilho das aulas, do ensinar, se esvai um pouco, abafado por burocracias, alterações legislativas, polémicas várias, a que, na maioria dos casos, professores e alunos são alheios, mas que teimam em afetá-los. Mas depois a campainha toca, os alunos entram na sala, o sumário é escrito e a aprendizagem, recíproca, começa… E aí ela sabe que vai saber fazer aquilo. Vai continuar a procurar saber fazê-lo. E a flamância da vontade é reposta!

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