E se fosse eu?

05-04-2016 22:56

    Amanhã em várias escolas deste nosso país de gente de brandos e caridosos costumes milhares de alunos refletirão sobre a questão do que levariam consigo se se vissem obrigados a abandonar o seu país, numa situação de guerra.

    Olvidando a questão polémica de abrir ou não fronteiras aos refugiados, também ela deu por si a refletir neste assunto. Se fosse eu? Se fosse eu a ser obrigada a fugir?

    Na mochila levaria fotos. É uma das suas paixões, porque não deixam esquecer, de forma perene os instantâneos de uma vida. Uma foto de cada uma das pessoas que mais ama, em situações felizes e airosas, leves e cor de rosa. Levaria o seu livro. Sim, para lhe recordar que os sonhos se concretizam, que eventualmente, algures um dia, as “coisas” acontecem. Levaria os seus comprimidos, anticoagulantes, que agora nunca mais deixará de tomar, fruto de uma indomável e espessa artéria. Levaria os comprimidos do menino, do seu filho, para lhe curar as malfadadas dores de cabeça que amiúde o vão assolando. Levaria bolos de chocolate, em embalagens individuais, aqueles de que o filho gosta. Água para os dois. Lenços de papel. Os documentos, por imperativo legal… E a máquina fotográfica dele! Sim, vai ser fotógrafo teria que levar o futuro consigo!

    E nem sabe bem que mais… A questão mais premente para ela é: haveria tempo para pensar?! A única certeza que tem é que sem ele, o filho, não iria a lado nenhum! E iria em busca de um sabor a morango adolescente, de um sol brilhante num local longínquo, de uma promessa de local de paz e vida.

    E não quer pensar mais neste cenário. Não vai, não pode nunca acontecer. E ainda assim, todos os dias acontece algures. Que todos encontrem refúgio, paz, um caminho de vida, é aquilo que elege almejar!

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