Dias...

22-07-2014 14:13

A mutação inexorável dos dias, horas, minutos, segundos, tem algo de cruelmente irónico. Há aquelas alturas em que queremos abarcar tudo, aproveitar todo e qualquer movimento com avidez e ele, o tempo, fina-se sem aviso. E depois, quando queremos rever os acontecimentos, os pormenores escapam-nos entre os dedos, por tudo ter sido tão intensamente marcante e lesto.

Noutras alturas o tempo aborrece. Tropeçamos nele, embatemos na lentidão dos ponteiros do relógio que teimam em não se mover. Temos assuntos pendentes, coisas a resolver, arrumações para fazer, tarefas para concluir. E de alguma forma nada nos almeja, qualquer movimento soa a infrutífero e despropositado, e a ampulheta não vira. Sentimo-nos impotentes para aproveitar os dias, que sabemos serem finitos.

O engraçado, inusitado, despropositado de tudo isto, é que, por muito que passemos por momentos destes de forma alternada ao longo do dia, no final tudo bate certo. O que se fez está feito, o que havia para aproveitar, aproveitou-se e que o que ainda não se resolveu ganha outra dimensão na esperança da madrugada, início de dia repleto de segundos ávidos de serem usufruídos.

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