Considerações em férias - III - Cacela Velha

07-09-2015 22:57

    Transposta a estrada estreita e de circulação aprazível, depois do local da Cacela que dizem ser Velha, seguimos a placa para a Fábrica. Uma terrinha de postal, pequena e à beira ria plantada, surge, por entre casas alvas e vivendas bem tratadas e semiocultas por muros e vedações esverdeadas.

    O “centro” do lugar da Fábrica acumula carros de turistas, num parque de estacionamento adjacente a um bar de madeira e um restaurante com ar de quem sonha estar situado numa praia tropical. Estacionado o veículo dirigimo-nos ao ancoradouro, vulgo uma escada que desce até à ria, onde os pequenos barcos a motor nos aguardam para nos acarrear para a outra margem. Um euro para a praia da Fábrica, um e meio para a Cacela Velha. Muitas pessoas atravessam a pé a curta distância que nos separa da comprida, estreita e doirada língua de areia, a nossa ilha de águas translucidas, ali, tão perto! Calções arregaçados, mochilas de provimentos às costas, filhos pequenos às cavalitas, lá vão eles! Ela e o descendente vão no barco, veloz para o tamanho, a cortar águas transparentes, cheias de cardumes de peixinhos ágeis, manobrado habilmente por quem conhece as profundezas do caminho a percorrer! Chegados ao ancoradouro da ilha, e depois de saltarem do barco para a água fresca, aprazível num dia quente e de astro solar muito dourado, procuram o seu lugar à beira mar.

    Ainda que haja muita gente, não há atropelos, os outros não respiram nos nossos pescoços, aproveitando a nossa sombra do chapéu azul de praia. Se fechássemos os olhos, no entanto, pensaríamos que atravessámos o Guadiana e estaríamos em Espanha já… os vizinhos do dia falam todos alto e muito, num Castelhano andaluz, rápido e musical. É assim, estamos rodeados de “nuestros hermanos” em solo luso! E são soltos e sem grandes pudores… Pelo menos a avaliar pelas quatro jovens em topless que se estabelecem ali por perto! Ela lá explica ao filho o porquê de elas caminharem de mão dada, duas a duas, até à beira mar! Há várias opções nesta nossa vida…

    Os barcos vão e vêm, levando portugueses, espanhóis e afins da praia para a costa e vice-versa, num constante marulhar de águas, ali nas ladeiras daquela praia idílica! Felizmente a senhora das bolas de Berlim, tradicionais e de alfarroba, não se cansa de atravessar a ria para que os veraneantes possam usufruir deste luxo açucarado!

    É lindo! Portugal tem mesmo sítios lindos, onde, apesar de até nem estarmos sós, nos conseguimos sentir relaxados, pequenos ou grandes recantos de beleza natural, pacífica! Ela gostou, muito! E ele, o filho, também!

 

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