Acontece na canícula...

29-07-2015 22:04

    Agora que tem mais tempo livre, a televisão da casa passa mais tempo ligada e lá vai enchendo o ar de sons e conversas. O dia televisivo é feito de programas para um público específico, com apresentadores de vozes estridentes que apregoam concursos onde se podem ganhar 1000 euros em cartão. Podemos fazer tudo com este cartão, menos transferências bancárias e levantamentos, e o número de telefone começa invariavelmente com 700. E as intermináveis novelas, todas iguais e com dramas de faca e alguidar, surgem ao fim do dia…

    No meio dos temas de conversa dos  programas supra referidos, e nos telejornais, as histórias macabras de maridos, ex-maridos, namorados, amantes, que matam as suas atuais ou ex pessoas femininas repetem-se. Hoje, mais um homem matou a mulher e a seguir matou-se. Os corpos dos dois estão algures a aguardar funeral. Porquê? Porque se desperdiçam assim vidas? E com certeza também deve haver casos do contrário, mulheres que matam por ciúme, obsessão, estupidez, são é menos reportados. O calor do verão parece potenciar a imbecilidade humana. Há hormonas ou algo de assustadoramente tétrico, alhures escondido na complexidade de medíocres cérebros, que se aviva com o sol, com o tempo mais parado, com a falta de rotinas e os muitos minutos de maior convivência com as pessoas que despoletam sentimentos exacerbados nesta gente. É triste, profundamente triste e surreal ouvir estas situações, conhecê-las, ter conhecimento do seus resultados.

    E depois há aquelas pessoas que excedem o humano, que se metamorfoseiam em heróis reais, do género do Batman ou do Super Homem, que parecem tudo resolver. Um grupo de médicos nos Estados Unidos transplantou com sucesso as duas mãos de uma criança com deliciosos oito aninhos. O infante foi amputado em bebé e agora tem de volta estes membros. Que maravilha excelsa a existência de pessoas assim, que colocam as tais partes desconhecidas do cérebro ao serviço dos outros humanos, que fazem coisas que transcendem o pensável do dia a dia. E ainda bem que no meio de tanta desgraça vamos podendo ouvir umas notícias assim.

    Afinal é verão, tempo de descansar, ler, arrumar e limpar a casa, apanhar sol e descontrair. A vida retoma o seu curso depois de agosto, porquê tanta violência e falta de discernimento? Sim, estas coisas existem todo o ano… A ela, porque agora tem mais tempo, parece que presente e lamentavelmente sucedem mais!

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